Análise de Assassin's Creed Shadows
Analisamos Assassin’s Creed Shadows, o novo game da Ubisoft no Japão Feudal. Será que entrega inovação ou repete a fórmula? Confira os destaques, pontos fortes e fracos.
Introdução:
Assassin’s Creed Shadows , lançado em 20 de março de 2025 pela Ubisoft , é uma tentativa ambiciosa de levar a franquia ao Japão feudal do período Sengoku , atendendo a um desejo antigo dos fãs. Com dois protagonistas — Naoe, uma shinobi ágil, e Yasuke, um samurai baseado na figura histórica, o jogo oferece uma ambientação visualmente deslumbrante e momentos de gameplay excelentes. No entanto, ele é prejudicado por uma série de problemas que vão desde escolhas narrativas questionáveis até falhas estruturais de design de missões.
Ambientação:
Elogiar a ambientação de um Assassin's Creed é chover no molhado; isso é algo que a Ubisoft sempre acerta. Porém, em Shadows, é o ponto mais forte: sua recriação do Japão Sengoku é magnífica. Vilarejos, castelos e paisagens naturais — com cerejeiras em flor e mudanças de estação — são de tirar o fôlego. Entre elas, o outono se tornou a minha estação favorita. A atenção aos detalhes culturais, como armaduras de samurai e rituais shinobi, é louvável. No entanto, essa imersão inicial é minada por problemas que se acumulam ao longo da experiência.
Conteúdo Excessivo e Repetitivo:
Como em outros RPGs recentes da franquia, Shadows sofre com um excesso de conteúdo. O mapa é bonito e bem construído, mas abarrotado de tarefas genéricas: coletar itens, libertar acampamentos, meditar em santuários. Essas atividades, embora inicialmente atraentes pelo cenário, tornam-se monótonas rapidamente, prejudicando a experiência do jogador.
A campanha principal dura cerca de 35 horas, mas pode ultrapassar 60 com a busca pelo 100% e muito desse tempo é gasto em missões secundárias sem peso narrativo, vira uma distração burocrática, contribuindo para a sensação de um jogo inchado e sem foco.
Narrativa:
A narrativa de Shadows começa forte, com Naoe buscando vingança pela destruição de sua vila e Yasuke explorando sua identidade como estrangeiro no Japão, embora depois um tempo ele também passa a buscar por vingança. No entanto, o terceiro ato marca uma queda acentuada na qualidade. O ritmo desacelera, as missões tornam-se repetitivas de vai e vem, e o clímax é apressado e anticlimático. Enquanto os dois primeiros atos equilibram exploração e história, o terceiro se perde em objetivos secundários que diluem a tensão, culminando em um final que não entrega o impacto prometido. Essa falta de coesão deixa a sensação de um jogo que não soube encerrar a jornada que construiu no primeiro e segundo ato.
Nos jogos clássicos da franquia, reviver as memórias de um antepassado tinha um propósito claro: encontrar um artefato dos Isu, desvendar um segredo histórico ou avançar a luta contra os Templários. Em Shadows, essa objetividade desaparece. A ausência da lore dos dias modernos com o Animus reduzido a um dispositivo narrativo sem contexto deixa a pergunta: por que estamos revivendo essas memórias? Não há conexão com Abstergo, Isu ou um objetivo maior, o que torna a experiência menos coesa em comparação com antecessores . O foco exclusivo no passado, embora bem executado em termos históricos, carece de um "porquê" que amarre a trama ao legado da série.
Detalhes Técnicos:
Graficamente, Shadows impressiona com cenários e animações de combate, mas as expressões faciais de Yasuke são um ponto fraco. Enquanto Naoe tem animações decentes, Yasuke sofre com feições rígidas e estranhas, especialmente em cenas emocionais. Seus olhos fixos e boca mal sincronizada em diálogos criam um efeito uncanny, prejudicando a conexão com o personagem. Esse problema técnico, embora não afete todo o jogo, destaca uma falta de polimento em um dos protagonistas centrais. Mas fora isso, esse é o jogo mais bem polido da franquia que já joguei no lançamento, joguei no Playstation 5, não tive bugs que comprometessem a experiência.
Combate e Level Design:
O combate reflete a dualidade dos protagonistas, mas com falhas. Naoe brilha no stealth, com ferramentas como kunais e bombas de fumaça, enquanto Yasuke domina confrontos diretos com golpes pesados. No entanto, as finalizações são limitadas e repetitivas para ambos, faltando a variedade vista em jogos como Ghost of Tsushima, onde cada postura de Jin, tem diferentes finalizações.
O level design favorece claramente Naoe. Telhados, cordas e pontos de escalada são perfeitos para sua agilidade e gancho, tornando stealth e exploração fluidos e divertidos. Yasuke, com sua força bruta, pode quebrar portas, mas é lento e incapaz de atingir áreas elevadas, o que o torna frustrante fora do combate. A gameplay com Naoe resgata o espírito dos Assassinos clássicos, enquanto Yasuke é para os novos fãs, que chegaram na franquia a partir do Origins.
Conclusão:
A ambientação é magnífica, Naoe oferece uma gameplay furtiva excepcional e a premissa inicial é promissora. No entanto, ele é prejudicado por conteúdo excessivo, um terceiro ato fraco, o uso deslocado de pronome neutro para um certo personagem, expressões faciais malfeitas de Yasuke, finalizações limitadas, O tema de vingança, embora funcional, é batido e não inova, enquanto a ausência da lore moderna decepciona os fãs de longa data. É mais um título da franquia que acerta em alguns pontos, mas falha em entregar uma experiência coesa e memorável. Para quem busca um Japão feudal interativo, Shadows tem seus méritos, mas está longe do brilho de clássicos da série. É um passo adiante em alguns aspectos, mas um tropeço em muitos outros, deixando a sensação de um potencial não realizado.

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