Análise de Baldur's Gate 3

O vencedor do The Game Awards 2023, merecido?

Introdução:

Baldur’s Gate 3, desenvolvido pela Larian Studios, é um RPG de fantasia que mergulha os jogadores no universo de Dungeons & Dragons (D&D), especificamente na 5ª edição. Lançado em acesso antecipado em 6 de outubro de 2020 para PC, o jogo chegou à sua versão completa em 3 de agosto de 2023 para PC, seguido por 6 de setembro de 2023 para PlayStation 5 e 7 de dezembro de 2023 para Xbox Series X/S. A Larian, conhecida por Divinity: Original Sin, entrega uma obra que combina narrativa profunda, mecânicas complexas e liberdade sem precedentes.

Sinopse:

A premissa é: seu personagem, junto de um grupo diversificado de companheiros, é sequestrado por uma nave Illithid (Devoradores de Mentes) e infectado com uma larva parasita. Essa larva, que normalmente leva à transformação em um Devorador de Mentes, confere poderes estranhos, mas também impõe uma corrida contra o tempo para encontrar uma cura. A partir dessa jornada desesperada, desenrola-se uma épica trama de amizade, traição, e luta contra divindades e forças cósmicas que decidirão o destino de toda a Costa da Espada. Com uma campanha que pode facilmente ultrapassar as 100 horas, o jogo é um marco no gênero RPG.

Narrativa e Desenvolvimento de Personagens

A narrativa de BG3 é o seu principal pilar, abordando temas complexos como corrupção, poder e identidade. A trama principal gira em torno da luta pela sobrevivência contra o parasita Illithid e as forças maiores que o controlam, com reviravoltas que mantêm o jogador profundamente engajado na história.

Os personagens, tanto os controláveis quanto aos NPCs, são memoráveis, com arcos pessoais que se entrelaçam à história principal. A escrita é densa, com diálogos que alternam entre humorísticos e filosóficos, e cada escolha narrativa tem um peso, afetando relacionamentos até o desfecho do jogo. A unica critica é que, em alguns momentos, o ritmo pode parecer lento devido a quantidade de informações.

A historia se divide em três atos principais, cada um explorando regiões distintas da Costa da Espada. O primeiro ato foca na formação de aliados e também numa primeira resposta sobre o parasita, já o segundo ato mergulha em territórios sombrios e abordando ainda mais camadas de conspiração, o terceiro é termina em Baldu's Gate, a metrópole icônica onde as escolhas pessoais do jogador colidem com os principais eventos, diferente de outros RPG, a trama de BG3 é não-linear, com muitas ramificações que alteram drasticamente o curso dos eventos.

O sistema de diálogo é revolucionário por sua integração perfeita com o sistema de D&D. Quase toda interação crucial envolve uma rolagem de d20 (dado de 20 faces). A falha não significa um "Game Over" em sua tela, significa apenas um caminho diferente, frequentemente inesperado, que pode levar a consequências ainda mais interessantes. A cinematografia de cada diálogo, com a câmera se aproximando dos personagens, é impressionante e garante que cada conversa tenha peso.

A prometida liberdade de escolha é entregue em uma escala inédita. Decisões tomadas no Ato 1 podem ter repercussões dramáticas e inesperadas no Ato 3. O jogo não apenas muda o final, mas sim reestrutura o caminho, as missões e até a disponibilidade de certos personagens e locais. A profundidade das ramificações das quests é o que garante a longevidade e a alta rejogabilidade, fazendo com que cada nova campanha pareça fresca e única.

Os companheiros de BG3 são complexos, moralmente ambíguos e têm histórias pessoais ricas que se cruzam constantemente com a sua. Seu relacionamento com eles é moldado por suas ações, não apenas em diálogos específicos, mas em como você se comporta no mundo. As opções de romance são profundas e orgânicas. Personagens como Astarion, Shadowheart, e Karlach são escritos com tanta profundidade que se tornam rapidamente favoritos do público.

Criação de Personagem:

A criação de personagem é fiel à D&D 5e, mas extremamente acessível. O jogador escolhe entre diversas raças, sub-raças, classes e subclasses (12 classes e 46 subclasses, no total). As opções de ficha (atributos como Força, Destreza, Constituição, etc.) são fundamentais, pois elas definem não apenas sua eficácia em combate, mas também suas opções em diálogos e interações com o mundo. Um personagem com alta Destreza pode ter mais sucesso em arrombamentos; um com alta Sabedoria pode notar detalhes importantes que outros não veriam.

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Gameplay:

Acredito que a Larian conseguiu se aproximar bastante do ideal na fusão entre RPG eletrônico e RPG de mesa. O combate é baseado em turnos e segue as regras de D&D 5e, O sistema de Ações, Ações Bônus e Movimento por turno é a essência do combate. Ele exige estratégia e posicionamento. A verticalidade e a interação ambiental transformam o campo de batalha. É possível empurrar inimigos de penhascos, congelar poças d'água, incendiar óleo derramado, usar magia para criar barreiras ou destruir pontes. Essa liberdade estratégica eleva o combate muito além de um simples troca-troca de golpes como em outros RPG de turnos. Sem dúvidas, um dos pontos altos do jogo, embora muitos jogadores reclamem que, por causa das limitações do sistema de D&D, não foi tão bom quanto em Divinity: Original Sin II.

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Liberdade e Exploração:

A liberdade se estende além das escolhas narrativas e chega à exploração e à resolução de quest,. cada quest, seja da trama principal ou secundária, é meticulosamente escrita, com ramificações que refletem escolhas do jogador. As missões principais avançam a narrativa de forma orgânica, enquanto as secundárias, como ajudar uma vila ou desvendar segredos de um culto, são tão ricas que muitas vezes rivalizam com a campanha principal. Você pode usar o combate, a furtividade, a persuasão (se passar na rolagem de dados), ou até mesmo meios criativos, como se transformar em um animal para acessar áreas secretas. Essa filosofia de “sim, você pode tentar isso” é o que faz o jogo brilhar.

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Inventário e Gerenciamento de Grupo:

O gerenciamento de inventário e a ficha do personagem (equipamentos, magias, etc.) são complexos, mas bem organizados para quem já está familiarizado com o gênero. A capacidade de mudar as classes dos seus companheiros (via um NPC) dá uma liberdade incrível para experimentar e otimizar seu grupo.

Trilha sonora:

A trilha sonora, composta principalmente por Borislav Slavov, é majestosa e essencial para a imersão. Ela consegue ser épica nos momentos de clímax, misteriosa durante a exploração e profundamente emotiva nas cenas de desenvolvimento de personagem.

As músicas conseguem evocar a sensação de aventura e fantasia clássica de Dungeons & Dragons, sendo algumas das melhores e mais variadas em um RPG nos últimos anos.

Aspectos Técnicos (Experiência no PS5)

Embora a experiência central de Baldur's Gate 3 seja quase impecável, a performance técnica, especialmente nos consoles e em áreas mais densas do jogo, pode apresentar problemas, em particular, no PS5, os tempos de carregamento podem ser notavelmente longos, especialmente ao carregar saves ou ao transitar entre grandes áreas, quebrando um pouco o ritmo rápido da aventura.

O Ato 3, ambientado na densa e populosa cidade de Baldur's Gate, é notoriamente o ponto mais exigente em hardware. Quedas de frames são perceptíveis em certas áreas movimentadas da cidade. Embora não cheguem a ser um fator que impede o jogo de continuar divertido, elas certamente afetam a fluidez.

No modo co-op online, BG3 enfrenta alguns problemas de conexão, e cair da sala de um amigo é algo que ocorre com frequência no jogo. Contudo, isso é compreensível devido ao tamanho e à complexidade do jogo.

Alguns bugs com a câmera ocasionalmente ocorrem, principalmente em ambientes fechados ou ao tentar posicionar a câmera em um ângulo estratégico em combate. Além disso, pequenos bugs de interação com o cenário ou pathfinding de companheiros podem aparecer, algo esperado em um jogo com tanta complexidade e variáveis.

Mas tudo isso é perdoado, o jogo é massivo e ambicioso. Os problemas técnicos, embora presentes, são mais evidentes em momentos específicos e não diminuem significativamente a experiência do jogador.

Conclusão:

Baldur’s Gate 3 é uma obra-prima ele não apenas resgata o legado de uma das franquias mais veneradas do RPG, mas também o eleva a um novo patamar, provando que é possível criar um RPG moderno com liberdade real, profundidade tática e narrativas interconectadas em uma escala gigantesca.

O jogo é uma carta de amor ao gênero RPG de fantasia, e a experiência, apesar dos tropeços técnicos pontuais, é absolutamente obrigatória, pois se trata de um marco na história dos videogames. É o modelo que definirá o gênero por anos. Sem dúvidas, um dos jogos do ano mais merecidos da história do The Game Awards.

Nota selecionada:
10
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Fuyushiro

Fã de ficção científica (de steampunk a sail punk), animes, mangás e games. No Refúgio Gamer, irei compartilhar as principais notícias e rumores da indústria de games.

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