Por que só consumimos filmes e games em formato de evento?

Entenda por que só consumimos filmes e jogos em formato de evento. O que o hype, o FOMO e a atenção limitada fizeram com o entretenimento moderno?

Nos últimos anos, uma coisa ficou escancarada: o público médio só sai de casa, ou liga o console, se for pra viver um evento midiático gigante. Se não for Vingadores: Ultimato, Barbie, Oppenheimer, GTA VI ou Elden Ring, esquece. O resto? Ignorado, enterrado e substituído por vídeos de TikTok.

Mas por que isso acontece? O que matou o interesse pelas experiências “comuns”, aquelas que antes lotavam salas e locadoras? Por que só consumimos o que parece imperdível, grandioso, bombástico?

No Refúgio Gamer, a gente não enrola. Então senta aí que vou te explicar como o hype virou lei, por que o “meio” morreu e como o entretenimento foi engolido por uma lógica social de atenção que beira o desespero coletivo.

Superinflação de conteúdo + cérebro saturado

O mundo atual tem conteúdo demais e tempo de menos. Centenas de jogos lançados por mês, dezenas de filmes por semana, streamings, lives, podcasts, reacts, vídeos, spoilers, tretas e memes. Tudo isso disputando o mesmo tempo limitado da sua atenção.

Resultado: só sobrevive quem grita mais alto. Se não for urgente, se não for o assunto da semana, é ignorado.

Custo alto = só clicamos no que parece valer cada centavo

Ir ao cinema tá caro. Comprar jogo no Brasil, pior ainda. Com R$ 450 comprando um jogo da Nintendo ou R$ 70 num ingresso + lanche, o consumidor não arrisca em coisa “meia boca”. Vai onde todo mundo está indo. Joga o que todo mundo joga. Comenta o que todo mundo comenta.

A fórmula do consumo moderno virou: custo x hype x status social.

O FOMO manda em tudo

FOMO = Fear of Missing Out, o famoso “medo de ficar de fora”.

Redes sociais impuseram uma lógica coletiva ao entretenimento. Ver ou jogar alguma coisa deixou de ser um ato pessoal e virou parte de um ecossistema social. Ou você entra na conversa, ou vira o esquisito que tá por fora.

Ninguém quer ser o chato que ainda não viu o final de The Last of Us. Ou que não zerou GTA VI no mês do lançamento. Ou que não foi ver Oppenheimer no IMAX.

A morte do “meio”

A indústria esmagou tudo que não é franquia milionária ou indie autoral. Sobrou:

Todo o resto, aquela zona onde antes moravam thrillers legais, comédias diferentes e jogos “ok”, morreu.

A lógica agora é: ou você é GIGANTE ou é underground. O meio sumiu.

Jogos viraram serviços e filmes viraram sagas

Antes você comprava um jogo, jogava, acabava. Hoje você entra num ecossistema. Fortnite, Genshin, LoL, Valorant, Warzone... vivem de manter você dentro. Skin nova, evento de tempo limitado, battle pass. É uma prisão dourada.

O cinema copiou: Star Wars, Marvel, Velozes e Furiosos, Avatar... tudo é parte de uma franquia, universo expandido, teaser de spin-off.

A ideia não é entreter, é reter.

Conclusão: o entretenimento virou guerra por atenção

Se não parecer um evento imperdível, não engaja. Se não tiver vazamento fake, trailer épico, teoria maluca, ou tweet de 500k likes, não vale o clique.

A verdade é simples e dolorosa: hoje o conteúdo não precisa ser bom, só precisa parecer urgente.

E nesse mundo, só sobrevive quem se vende como experiência coletiva. O resto, some no algoritmo.

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Fuyushiro

Fã de ficção científica (de steampunk a sail punk), animes, mangás e games. No Refúgio Gamer, irei compartilhar as principais notícias e rumores da indústria de games.