Profissionalismo em queda: o declínio silencioso que ameaça os videogames modernos
Games estão se tornando palco de agendas e vaidades, enquanto o profissionalismo e a excelência ficam em segundo plano.
A indústria de jogos enfrenta um problema que cresce em silêncio, mas que já afeta diretamente o que jogamos e o que deixamos de jogar. A chamada “desprofissionalização” tem se tornado o novo padrão de bastidores: projetos são comandados por egos e agendas pessoais, enquanto o foco em qualidade, entrega e competência vai ficando para trás.
Em um excelente artigo publicado no Game Developer, diversos desenvolvedores veteranos apontaram um fenômeno incômodo: a substituição de critérios técnicos por alinhamentos ideológicos e posicionamentos de imagem. Não se trata de um problema exclusivo dos games, mas no nosso setor, os reflexos aparecem em lançamentos cada vez mais instáveis, roteiros sem coesão, prioridades confusas e produções travadas por brigas internas.
Há uma substituição preocupante de méritos por visibilidade. É mais importante “performar bem” nas redes sociais do que entregar um sistema de combate polido ou um enredo envolvente. Equipes se tornam zonas políticas antes de serem centros criativos. O resultado? Atrasos, demissões, crunchs e estúdios fechados.
Isso não é sobre diversidade ou representatividade que, quando bem executadas, sempre foram bem-vindas ,mas sobre um ambiente onde o debate técnico cede espaço para dogmas e hashtags. Quem questiona, vira “obstáculo”. Quem propõe foco em excelência, é chamado de "conservador" ou "resistente à mudança".
Nesse cenário, os jogos indie e AA vão se tornando um refúgio criativo, onde a paixão ainda fala mais alto que a pose. Títulos como Kingdom Come: Deliverance 2 e Clair Obscur: Expedition 33 mostram que ainda há desenvolvedores preocupados em contar boas histórias, entregar bons sistemas e cativar o jogador sem precisar "pedir desculpas" por fazer videogames.
Enquanto a indústria de ponta insiste em moldar seus bastidores como palco de validação pessoal e política, talvez esteja na hora de perguntar: e o jogo? Cadê ele?
Fonte: Game Developer

Fã de ficção científica (de steampunk a sail punk), animes, mangás e games. No Refúgio Gamer, irei compartilhar as principais notícias e rumores da indústria de games.